O Livro do Amor Vol. 1 Da Pré- história a Renascença / Vol 2. Do Iluminismo à atualidade - Regina Navarro ( Resenha)



A História do amor e da sexualidade é muito extensa e complexa. Como a própria autora afirma, só foi possível ter dados sobre esse tema por causa de um ramo da História que é “a História das mentalidades –ramo este, que estuda os sentimentos das pessoas, o que pensavam, temiam, desejavam e sentiam -, ao contrário da História tradicional ,datas,acontecimentos e etc.
A primeira manifestação do amor segundos Antropólogos, foi a 40 mil anos atrás quando começaram a enterrar os entes queridos enfeitando seus túmulos com flores. Antes do patriarcado se firmar só existiam Deusas e as mulheres eram cultuadas pois acreditava-se que os filhos vinham do ar ou por poderes mágicos e ela era a única que podia conceber a vida. A partir daí, quando o homem descobriu que tinha participação na concepção de uma criança começou a propriedade privada “isso é meu” e é claro, o poder sobre a mulher – pois queriam filhos legítimos, até então não existia papeis sexuais definidos.

Na Grécia antiga ou há 3000 anos a.C quando começou a História escrita, as pessoas começaram a colocar por escrito seus sentimentos. A cada capítulo do livro, tanto o volume 1 e o 2 há uma história da literatura para nos levar a refletir como o amor era em cada época – Na Grécia o culto a sexualidade era explicito, porém as mulheres casadas eram dominadas por seus maridos, tenho como papel somente ter filos saudáveis. Os homens podiam ter um amor livre, se relacionar com a Heterias – (espécie de prostitutas) e os éfebos (jovem rapazes). O amor entre dois homens era a perfeição, pois a mulher era tão desvalorizada que o amor só podia acontecer com os homens, porque na Grécia o ser macho era uma espécie de semi-deus. Uma vasta literatura sobre o amor é escrita, sempre ligada a tragédia, os gregos inventaram uma deusa do amor Afrodite.

Depois que a Grécia foi invadida por Roma, as coisas mudaram , os homens desenvolveram a ideia de prudência lutando contra o amor visando evitar sofrimentos. O amor em Roma era encarado como diversão. O casamento era algo privado. Foi até escrito o manual do adultério. Diferente da Grécia, o amor entre o mesmo sexo era puramente físico e evitavam-se emoções. Entretanto, começou a surgir um movimento o “cristianismo” trazendo uma nova moral e a ideia de carne e pecado que dantes não existia. Mas só foi ganhar força no sec. III (antiguidade tardia) o que caracterizou pela desvalorização do corpo, recusa ao prazer, castidade e a culpa, e a desvalorização da mulher e uma nova ética sexual caracterizada em principio pela monogamia. O império romano torna-se cristão cominando com a queda do mundo clássico, o casamento e amor tornaram-se algo “divino” somente para procriação. Na idade média o amor tornou-se mais divino ainda, só era aceito amar a Deus, dissociando amor e sexo. O que é engraçado porque a prostituição era aceita pela Igreja, porque as prostitutas mantinham a ordem, ou seja, as mulheres castas não ficariam devassas.

Já no livro 2 Regina nos apresenta nesse livro, como as noções de amor que concebemos desde pequenos são construídas culturalmente. Em contraponto ao que pensamos o amor não é algo atemporal, mas revela-se em diferentes formas de acordo com cada época. Do Iluminismo à atualidade a Regina apresenta sempre uma história, seja ela verídica, ou da literatura, ou do cinema para representar o amor naquela época. O que é muito interessante, pois é na literatura, filmes, novelas que vemos a fotografia de uma sociedade. Assim foi no Iluminismo, a idade da razão, porém esse sentimento denominado amor cai em desprestígio nas classes intelectuais e o amor chega a ser algo ridículo, não podendo transparecer tal sentimento. Os bailes de máscaras que o diga, fez muito sucesso nessa época, a traição era algo moralmente questionável, mas era comum. 
A era Vitoriana é de uma repressão sexual imensa. No começo do sec. XX várias feministas começaram a escrever sobre mulher, sexualidade, gênero, exemplo disso foi a Simone de Beauvoir , que lança “O segundo sexo”. Os últimos 150 anos foram de uma transformação no ocidente, a Igreja perdeu poder em ditar comportamentos principalmente na área do amor e da sexualidade, mas ainda carregamos no nosso inconsciente muitos tabus construído pela cultura judaico-cristã. O livro também nos fala dos acontecimentos que foram um ponta pé para a libertação sexual do ocidente: festival Woodstock, Movimentos Feministas e gays

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